quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Fios de Contas e Guias

Saravá,

É comum quando vamos a um terreiro de Umbanda e de Candomblé e vemos os médiuns da casa usando colares coloridos iguais aos das baianes que fazem acarajé na Bahia.
Esses colares se chamam Fios de Conta, ou Guias, por eles chamados.
Fios de conta: Iemanjá
As Guias de Contas ou Fios de Contas são colares feitos de miçangas (cristais, búzios, louça) ou outros materiais que representam o grau de evolução do médium ou a qual Orixá ou entidade ele pertence. Cada Guia tem uma cor diferente que representa um Orixá e deve ser feita pelo indivíduo que for usá-la. O médium iniciante não pode usar qualquer Fio de Conta, ele deve esperar que o Orixá ou a entidade determine qual é a cor da Guia que ele deve usar.

Oxalá: contas brancas
Oxóssi: contas verdes
Xangô: contas marrons
Nanã Buruku: contas roxas
Oxum: contas amarelas ou azul escuro
Obaluaê:contas pretas e brancas, separadas de sete em sete
Ogum: contas vermelhas ou verde
Iemanjá: contas azul claro

Axé.



Exu, o Mensageiro.

“[...]pois é dinâmico e jovial, constituindo-se, assim, um orixá protetor, havendo mesmo pessoas na África que usam orgulhosamente nomes como Èsùbíyìí (concebido por Exu), ou (Exu merece ser adorado)” - Orixás, Pierre Verger.



Saravá,

Comparado ao diabo, Exu é o Orixá mais paradoxo e com o comportamento mais humano que se possa imaginar. A história Yorubá conta que Exu teria sido um dos companheiros de Odùduà, tornou-se assistente de Orunmilá, que preside a adivinhação por sistema de Ifá, em seguida, teria sido Rei Kêto.

Como Orixá, Exu é traiçoeiro, mentiroso, intrigueiro, brincalhão, podendo ser bom e mau. Quando Olodumaré espalhou os Orixás para cuidar dos cantos da natureza, Exu teria ficado sem lugar algum, tornando-se o Orixá protetor das ruas, das encruzilhadas, das casas, dos templo, das cidades...
Exu é o Orixá mais próximo e parecido com os humanos, é o Orixá da comunicação, que cuida das forças terrenas, dos bens materiais. Exu é o mensageiro encarregado de levar as preces dos humanos para Olodumaré e os outros Orixas, mas para isso, tem que ser reverenciado e presenteado. Comenta-se que não se deve prometer nada a Exu, porque o que é prometido será cobrado.


Ogó: Instrumento de Exu
 Em suas oferendas, Exu gosta de animais (de preferencia galos)farofa com dendê e pinga.O dia de saudar Exu é segunda-feira, seu instrumento é o "Ogó", espécie de cetro em forma de pênis que pode transpotá-lo de um lugar a outro. Os fios de contas de Exu são das cores preto e vermelho, sua saudação é: "Laroyê".
Oferendas para Exu
Nas aberturas dos trabalhos de evocação a Exu,geralmente evocado na linha de "esquerda", Ogum é o único Orixá que está "a frente" da gira (termo usado por Umbandistas), por ser guerreiro e vencedor de demandas.
Fios de conta de Exu
Conforme as tradições, Exu foi ganhando outros nomes como: Exu Caveira, Exu 7 catacumbas, Exu marajó, Exu sete encruzilhadas, e assim por diante...Este será tema de uma outra postagem.
Exu não é motivo para se ter medo e nem compará-lo ao Diabo, Exu é um Orixá muito evoluído, só é um pouco mais "malandro" porque está aqui na Terra perto de todos nós ;)

Vejam uma explicação simples do que é a força de Exu, por "Orixás da Bahia"

Uma dica: Não peça para Exu fazer o mal, pois o que lhe é pedido, será cobrado.
Laroyê!

Besouro, Cordão de Ouro!

Saravá!
Ano passado o cinema brasileiro foi presenteado com uma das obras mais ricas em cultura brasileira dos últimos tempos  - Besouro, da capoeira nasce um herói.


O longa dirigido por João Daniel Tikhomiroff, e produzido por Vicente Amorim e Daniel Filho, conta a história de Manoel Henrique Pereira, escravo que não sabia ler e escrever, mas tornou-se o capoeirista mais conhecido do Brasil.

O Brasil estava passando pela fase pós-abolição, antes de 1888, os escravos não eram cidadãos, mas tinham comida e moradia, com a abolição tornaram-se livres, mas desempregados e sem lugar para morar. Com 20 anos de idade, Besouro (Ailton Carmo)percebia que praticamente nada havia mudado na vida dos negros, mesmo com a abolição, muitos deles eram escravisados e torturados, naquela época, o Candomblé era proibido e a capoeira também.

Como toda geração, sempre há um espírito corajoso, uma mente pensante, uma alma inconfomada. Não foi diferente com Besouro, que não levava desaforo para a casa, que não abaixava a cabeça para os senhores de engenho e foi morto a facadas por um filho de fazendeiro. Diz a lenda que Besouro tinha o corpo fechado e foi morto por uma faca de madeira de ticum (única arma capaz de matar uma pessoa com o corpo fechado).

O filme baseado em fatos reais mistura ficção e magia, mostra sutilmente as forças da natureza durante a batalha de Besouro, a influência do Candomblé e a fé nos Orixás.

A apresentação dos Orixás, em Besouro.



Axé.